Na
tarde de ontem (terça-feira) aconteceu nas dependências do Auditório Manoel
Morais a abertura da Jornada Pedagógica 2015 que também acontecerá na próxima
quinta e sexta-feira nas escolas da rede municipal.
Foi
um evento sem nenhuma pompa ou formalidades, com a participação dos
profissionais da educação e coordenada pela secretária de educação Altina Carla
o momento foi de debates a respeito da atual situação da educação no município,
pautada em um ofício enviado à secretaria por profissionais da área que sugerem
algumas mudanças na estrutura e relacionadas à pedagogia.
Entre
as mudanças apresentadas pela secretaria estão: Coordenação Pedagógica com 40h
em todas as escolas do Fundamental I; Jogos Estudantis a serem realizados a
partir do primeiro semestre do ano e com novo modelo; Adesão a novos programas
dos governos federal e estadual.
Logo
no início a secretaria anunciou o reajuste do piso nacional dos professores e
para surpresa de todos houve aplicação diferenciada para os professores de
jornadas diferentes, os professores que possuem 40h receberam 13% enquanto os
professores de 20h apenas 6,5%. Um equívoco no que se refere ao piso nacional
que deve ser aplicado para todos os profissionais do magistério, ou seja, ao
conceder apenas 6,5% para os professores de 20h naturalmente o primeiro piso
não chegará aos R$ 958,89 que corresponde a 50% do piso de R$ 1.917,78
anunciado pelo governo federal. A coordenação da APLB estará enviando ofício à
secretaria e ao setor de recursos humanos da prefeitura para que a correção
possa ser feita, além disso, a gestão municipal não pagou o retroativo
referente ao mês de janeiro.
Outro
tema muito citado no encontro foi a redução no número de alunos da rede
municipal, redução que interfere diretamente na estrutura de nossa educação,
algumas escolas tiveram perdas de cerca de 20% no número de alunos levando em
consideração o total de alunos de 2014. Quais as causas dessa redução? Esse
debate deve ser feito pela gestão e pela sociedade, sabemos que por trás dessa
queda no número de alunos existem vários fatores.
Sobre
o calendário a secretaria tentou justificar o porquê o início das aulas só
acontecerão a partir do dia 02 de março, assim como o uso dos sábados letivos,
também explicou que as reformas das escolas acontecerão no decorrer do ano
letivo. Como já tínhamos nos posicionado não concordamos com a prorrogação do
calendário e, sobretudo, com os sábados letivos que acabam não funcionando a
contento. E sobre as reformas pensamos que o problema é falta de planejamento,
pois as mesmas são necessárias sim, mesmo porquê algumas de nossas estruturas
são adequadas para o século passado, não atendendo mais a nossa realidade.
Ao
final o coordenador da APLB solicitou a palavra e pontuou alguns aspectos
colocados, a seguir vamos publicar um texto em que fazemos uma
análise da atual situação de nossa educação.
E NOSSA EDUCAÇÃO, COMO ESTÁ?
Há cerca de dois anos
realizamos uma análise da situação em que nossa educação se encontrava e como
resultado, propomos que os candidatos a prefeito para o quadriênio 2013-2016
assinassem uma Carta Compromisso com a nossa categoria. O documento foi
assinado por ambos e cabe a nós, principais interessados e preocupados com
nossa educação, fazer um balanço depois de percorrermos aproximadamente metade
do caminho.
A verdade é que o
“compromisso” não tem sido cumprido, levando em consideração que são quatorze
pontos que deveriam nortear as políticas públicas para a educação nesses quatro
anos e que em pouquíssimos houve algum tipo de avanço, significa que
continuamos a mercê da chamada “prioridade para a educação”. Os pontos da carta
não abrangem tudo o que pensamos ou necessitamos para avançar, até mesmo porque
nesse período novas demandas surgiram, estamos agora debatendo o nosso PNE e
suas vinte metas, relacionados com nossas realidades, dessa forma, avançar é
urgente e necessário para nos adequar aos novos tempos.
E nesse novo tempo, quais
motivos nos impedem de avançar? Enquanto se propaga que somos economicistas,
devemos sim trabalhar com amor, mas por um salário digno, e não apenas por amor
como muitos o fizeram, estamos há muitos anos sem uma formação continuada para
os nossos professores, salve as oferecidas pelo governo federal. Enquanto
assistimos a queda brusca de alunos e a falência do nosso turno noturno, as
nossas escolas continuam com estruturas obsoletas, quando “são” reformadas não mudam
muito.
A respeito da queda no
número de alunos cabe uma análise mais aguçada e um debate mais aprofundado,
até mesmo por que à medida que o número de alunos foi caindo os valores
recebidos através do fundo que mantêm a nossa educação básica foram aumentando.
Em 2011 recebemos através do Fundeb o equivalente a R$ 5.652.396,86, em 2012 R$
5.728.324,79, em 2013 R$ 5.907.352,00, em 2014 R$ 6.613.064,12 e para esse ano
a previsão é de receber 7.501.472,06. Então cabe a nós refletirmos se o que
falta é recurso ou um planejamento verdadeiramente sério em busca de melhorar a
nossa educação? Enquanto nossas escolas públicas perdem alunos pelos mais
variados motivos as escolas privadas avançam nesse quesito.
A situação se agrava se
levarmos em consideração a defasagem de nossas leis, a inoperância dos
conselhos de controle social, mesmo sabendo que alguns membros se esforçam na
busca pelo acompanhamento, a ausência de meritocracia, já que professor que
estuda e se capacita por conta própria não recebe nenhum incentivo em sua
carreira, a ausência da família no acompanhamento de seus filhos na escola, a
violência contra profissionais da educação, o estado doentio em que muitos de
nós nos encontramos diante desse quadro, entre outras situações que tornam
nossa profissão de educadores cada vez mais difícil, e não estamos falando
apenas de professores, e sim de todos os profissionais das nossas escolas.
Avançamos quando reduzimos a
carga horária dos docentes e coordenadores e passou-se a cumprir a lei do piso
em sua totalidade em 2014, quando o município em parceria com os governos
estadual e federal aderiu a programas de atendimento a alunos e profissionais
das séries iniciais e demais profissionais ligados à educação, mas é muito
pouco diante da nova educação que se deseja alcançar, precisamos tratar a nossa
educação de fato como prioridade ou estaremos fadados ao fracasso.
Nesse início de ano nos
deparamos com outro retrocesso que é a não continuidade da concessão da licença
de um de nossos servidores para exercer o mandato classista, retrocesso em não
reconhecer o trabalho de uma entidade de classe na busca de novos horizontes
para a nossa educação e do papel dos que estão à sua frente, resultado de um
processo político que envolve cabeças pequenas diante da grandiosidade do mundo
à sua volta.
Mas, voltando a nossa
pergunta, como está nossa educação? A essa pergunta cabe a cada um de nós
respondermos e analisarmos. Não podemos perder de vista que fazemos parte desse
projeto, que devemos fazer nosso papel, nos autoavaliar e termos consciência
que o que nos une é o amor pela nossa profissão, ou seja, com e por amor.
A coordenação
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